A primavera sorria e as sementes gargalhavam, desabrochando em rosas.
Do alto da montanha a neve era a lágrima a escorrer pela encosta vazia. E no vale verdejante, o riacho era uma fita de seda, em face juvenil.
No céu, antes cinza, o sol rasgou a veste enlutada do inverno e coloriu a vida de azul.
Embevecido eu contemplei a beleza da tua criação! E cantei em Teu louvor.
Minha voz débil fez–se forte, movida pelo ardor do meu sentimento.
Soltei meu canto em resposta ao Teu, que ressoava na estuante vibração da Vida que Tu criaste, meu Rei!
As rosas brotam, a neve chora, o rio desliza e eu canto para Ti, senhor da minh'alma.
Hoje, em que me curvo à janela da minha velhice, acode–me a lembrança o hino que compuseste ao criar a Vida.
Torno–me criança e reencontro a inocência do primeiro riso, para ofertar–Te, meu Senhor!
Sou jovem outra vez e ofereço–Te o ardor do meu primeiro amor e que nunca outro amor reine em mim, que não seja o Teu!
Amadureço, sou fruto maduro ao sol do Teu calor e oferto–Te a minha madureza, como jóia derradeira.
Agora que o inverno se foi e a primavera chegou, eu permaneço no inverno do meu corpo, enquanto aguardo a primavera da Tua chegada.
E Tu chegarás!
Virás no canto do riacho, no gargalhar infrene da semente, no desabrochar da rosa. Virás na lágrima da neve e raiarás, sol da minha vida, despertando–me para Ti.
“Viva, a Primavera chegou. Viva a estação dos amantes-amados, dos amados-sempre-amantes” (Franklin Delano)
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